Resolvi escrever a respeito da minha vivência no processo da doença de meus pais: minha mãe com demência senil ou Alzheimer e meu pai com demência vascular. Primeiro fiz um blog e uma página no facebook onde falava do meu cotidiano, das minhas aflições e conflitos. Tanto das questões pessoais quanto das doenças e a minha intenção era, e ainda é, de dividir minhas experiências, dúvidas, agonias e tudo o mais que passe na minha cabeça a respeito da situação dos meus pais e da minha também.
Agora resolvi
acrescentar este texto a respeito das coisas que tive que aprender na marra, vivenciando.
É quase um “manual de sobrevivência”, prático e direto.
Não pretendo e
nem tenho como fazer um texto didático, com dados e estatísticas médicas. Não
vou me preocupar muito em fazer um texto perfeito dentro dos critérios da
Língua Portuguesa, mas vou fazer questão de ser muito claro.
Não sou médico,
nem psicólogo ou advogado e não trabalho na área de saúde.
Sou filho.
Não sou filho
único, mas sou o único filho. Perdemos meu irmão quando eu tinha 12 anos. Ele
tinha 15. Meu pai militar e minha mãe dona de casa. Viveram uma vida como a de
muitos casais. Independentes, bonitos e com personalidades bem marcantes. Hoje,
apesar de terem muito do que foram, se tornaram um pouco diferentes devido ao
tempo e a doença a que foram acometidos.
Espero que
minhas experiências, palavras e vivência dessa situação ajude a outras pessoas
que passam por isso ou que estejam começando a passar. Sinceramente eu quero
diminuir a angústia que é viver essa situação e poder esclarecer algumas
coisas, dividir emoções, compartilhar, dar uma palavra amiga. Tudo pelo ponto
de vista de um filho.
Demência senil,
demência vascular, Alzheimer. Tudo muito parecido. Sintomas e consequências
muito semelhantes.
Sempre me pergunto
em que momento começou, em que momento começa, o que pode ser feito e o que
poderia ter sido feito para evitar e não tenho as respostas, até porque tudo é
muito pessoal, cada caso é um caso. Hoje sei que a grande maioria dos casos é
descoberta quando há muito pouco a fazer, ou seja, temos mesmo é que aprender a
conviver com a demência em nossos pais e parentes: ter informações, dar uma
vida mais digna com todos os cuidados, fazer o que é possível. E principalmente
cuidar de nós mesmos, pois, podemos adoecer juntos.
Meu texto não
deixa de ser um desabafo, também. Afinal, como pretendo escrever mais pra
frente, a impressão que dá é que é sempre pouco tempo para tantas questões.
Necessitamos de ouvidos, ombros amigos e mãos estendidas. E porque não escrever
também?
Aqui quero
levar meus ouvidos, meus ombros e minhas mãos estendidas mesmo que nunca venha
a trocar palavras com quem está lendo.
Se eu puder
levar um pouco de tranquilidade para quem lê isto, já fico feliz!